„Sua palavra afasta a doença“
As curas continuam acontecendo - Apesar do processo e da proibição
Cura interior e mudança interna
Durante essas discussões e lutas, a atuação de Bruno Gröning continuou, assim informou o jornalista especializado em assuntos médicos, Dr. Horst Mann, em 1957, em uma série de artigos no jornal Neue Blatt com o título: "Sua palavra afasta a doença". Entre outros escreve:
"Na manhã seguinte, viajei de Hameln para Springe, pequena cidade no Rio Deister, onde também havia uma comunidade de Gröning. A cura de diversas pessoas tinha sido o ponto de partida. Lá também vivenciei, como antes nas cidades de Schleswig-Holstein, em Augsburg, Hameln, Viena, Plochingen e outras: pessoas se levantaram e me contaram suas doenças, deram os nomes dos médicos que os tinham tratado, e as curas que receberam graças a Gröning. E sempre estiveram prontos a levantar as mãos e confirmar sua declaração sob juramento.
‘As duas pernas foram deslocadas quando eu era bebê, conta uma senhora de cinquenta anos, Julie Prohnert de Hannover. Mais tarde, podia andar somente com muletas e os médicos apenas conseguiam aliviar as dores. Quando ouvi um palestra de Bruno Gröning, senti uma reação muito forte. Minha coluna, que já estava completamente deformada, se endireitou, pude andar novamente e nunca tive uma recaída...’
‘Eu tinha reumatismo nas articulações e era atacado continuamente por erupções e abcessos. O Sr. Gröning me livrou disso, disse o Sr. Wilhelm Gabbert de Hameln.’
‘Meu problema com a vesícula somente podia ser controlado com morfina para ficar suportável, relatou o Sr. Severit, de Evestorf, agradeço a Bruno Gröning por ter me livrado daquele sofrimento.’
‘Eu sofria de diabetes grave, relata Robert Thies, de Springe, e mais grave ainda era a fraqueza do miocárdio. Os dois distúrbios hoje não são mais problema, por isso agradeço ao Sr. Gröning.’
Essa série poderia continuar. Eram pessoas de todas as idades que relatavam: homens, mulheres e crianças. Muitas doenças eram enumeradas, desde dor de cabeça, inflamação dos nervos, ciática, sofrimentos dos rins e da vesícula, até problemas de coração e paralisias.
Mas lá também havia outra coisa que me tocava profundamente. Com sinceridade e diante de todos os estranhos, muitos me contavam que, através de Gröning, havia acontecido uma mudança interna. A corrida atrás de prestígio e sintonia egoísta foram substituídos por uma paz interna, serenidade e pensamentos comunitários."
A própria confiança torna possível que a cura ocorra em todos os homens
O Dr. Horst Mann continua: "Com todas essas conversas com pessoas que sentiam ter recebido a cura através de Bruno Gröning, uma pergunta nasceu dentro de mim e se tornou cada vez mais forte. Será que os êxitos de curas eram possíveis para todos os homens – ou mais audacioso ainda – no caso de todas as doenças? Onde estava o limite da força que vinha de Gröning? Existia aí algum perigo? [...]
Na minha última visita lhe fiz essa pergunta. Ele me respondeu: "Não posso e não obrigo ninguém. Se alguém se tranca e não tem dentro de si boa vontade para fazer com que a ordem se estabeleça dentro de si, então também me falta a disposição para intervir. A essas pessoas recomendo explodir a tranca do mal que está impedindo a cura."
Eu ainda tinha outra pergunta: "Cada doença é diferentemente perigosa. Considerando que um gravemente enfermo, desenganado por vários médicos, chama o senhor através de seu médico que ainda está lutando por ele. O senhor poderá ajudá-lo?"
‘Sim‘, disse Gröning, sem hesitar. Se o doente acreditar e o médico confiar em seu caminho, então o êxito não tardará. A recíproca crença irá despertar no doente forças jamais imaginadas. Muitas vezes o êxito nesses casos viria até mais depressa, pois o doente, por desespero, se agarra na última oportunidade."
Separação da União-Gröning
Tempo para um balanço dos prejuízos
Burocracia desnecessária assiste a aplicação de multa de Bruno Gröning sem fazer nada
Em outubro de 1957 teve lugar uma discussão entre Bruno Gröning e a administração da União-Gröning. Devido a burocracia desnecessária, a União prejudicou muito Bruno Gröning. O motivo para a discussão foi a sentença do processo, segundo o qual Bruno Gröning deveria pagar multa de 2000,- marcos em um tempo muito curto. Como ele não cobrava por sua atuação e não possuía meios suficientes, desde o início do processo a União tinha decidido arcar com os custos, porém estavam discutindo na administração se a multa fazia parte dessas custas. Em um processo burocrático demorado, pretendiam verificar se a União estaria obrigada a arcar com os 2000,- marcos de multa, e somente depois os meios necessários seriam providenciados. Assim, era de se prever que os meios necessários alcançariam Bruno Gröning tarde demais. A União teria assistido, sem tomar providências, Bruno Gröning ser preso por falta de pagamento em dia. Tiveram discussões abertas e com isso veio a separação.
Amigos falsos
Em seu balanço das atividades da União ade 62 páginas, Bruno Gröning citou todos os pontos em que a União o havia prejudicado. Resumindo, ele declarou: "Se hoje faço uma comparação entre minhas companhias anteriores (os negociadores Meckelburg, Enderlin, Schmidt e Hülsmann) e as de hoje (sócios administrativos da União), chego ao mesmo resultado: finalmente hoje aconteceu a mesma coisa que antes. Hoje, através daqueles que se diziam meus maiores, mais íntimos e melhores amigos, não aconteceu nada diferente do que anteriormente. Naquela época, pessoas sujas me enganaram. Hoje, amigos falharam pois assistiram calmamente enquanto eu passava por processos, por preconceitos, por não ter recebido ajuda alguma, por não poder visitar minhas comunidades por falta de carro, por não terem feito nada contra os artigos caluniosos sobre mim, por somente arrumarem confusão e ninguém estava lá para me apoiar quando necessitei de pessoas que, de acordo com suas aptidões profissionais, suas posições na vida mundana, podiam e deviam me apoiar: dessa forma não aconteceu nada daquilo para que eu vim a esta Terra.
Nenhum desses amigos se colocou à disposição para lutar por mim, ninguém teve coragem de realmente intervir a meu favor. Nada aconteceu. Com pequenez e burocracia, tomavam resoluções acima de resoluções. Ninguém realmente interveio fazendo o possível a meu favor, me livrando finalmente de todas essas lutas nos processos, me arrumando um ajudante, meu carro que estava quebrado, tirando de cima de mim toda a sujeira e calúnias, etc., etc. e que ficasse diante de mim para que eu pudesse fazer aquilo para que estou aqui nesta terra: transmitir aos homens a força da vida e levar os homens à crença.
Para tudo isso necessito de muita calma e não posso ser interrompido e impedido sempre e sempre por influências mundanas, necessitava de uma verdadeira barreira de proteção para poder atuar sem interferência, mas nisso ninguém pensou, nenhum dos meus amigos, daqueles que pretendem ser meus amigos. E isso é o mais vergonhoso para mim, o que mais me decepcionou:
- Os comerciantes pretendiam tirar proveito e foram desmascarados como pessoas más.
- Os amigos da União-Gröning são muito molengas, desinteressados, folgados, não quero dizer que são malvados.
E o resultado é o mesmo: Eu não fiquei livre. Muitos amigos da direção da União-Gröning não cumpriram o que prometeram e somente me amordaçaram com suas atitudes."
Falha no caminho da associação
O Sr. Weisser se desligou e a União-Gröning, que nunca tinha conseguido entrar no registro das associações, foi dissolvida após pouco tempo. Em seu lugar entrou a Associação para fomento natural de fundamento vital da alma e do espírito. Ela foi fundada em 1958 e seus responsáveis eram Erich Pelz, para a Alemanha, e Alexander Loy, para a Áustria. Essa última associação fundada por Bruno Gröning também não cumpriu aquilo que ele esperava: seu nome nem aparecia nos estatutos.
O grande processo (1955-1957)
Acusação e absolvição por ter causado morte por desleixo e definitiva proibição de atuar
No dia 4 de março, o ministério público deu entrada em uma nova acusação contra Bruno Gröning. Mais uma vez ele foi acusado agir contra a Lei dos Terapeutas. Outro ponto acusatório foi ter causado morte por desleixo.
Gröning nega ter prometido cura e proibido de procurar tratamento médico
Depois de receber o libelo acusatório, ele se dirige a seus amigos: "Meus queridos amigos! Nesses dias toda a imprensa e o rádio publicaram uma notícia mais ou menos tendenciosa sobre mim: comunicou que o ministério público de Munique me acusou devido a uma morte por desleixo. Em 1949, eu teria prometido cura a uma moça de 17 anos, com tuberculose, e tê-la impedido de procurar um sanatório e um médico. Eu seria culpado pela morte dessa jovem criatura. Quem leu essa notícia com o entendimento claro, deve ter notado o que pretendem alcançar com isso: trazer confusão entre meus amigos e evitar que os que estão procurando ajuda se envolvam conosco e com as verdades por mim propagadas. Por todos os meios estão tentando frear minhas atividades e as atividades da União Gröning. Naturalmente as coisas são diferentes do que foi apresentado! Não preciso dar qualquer explicação aos meus amigos sobre o caso, vocês todos sabem que não faço "promessas de cura" e que nunca desaconselho o tratamento médico."
Estranhamente o arrolamento dos dados foi feito muito tarde
Gröning continua escrevendo a seus amigos: "Em 1952 fui inocentado. Não é estranho que o ‘caso Kuhfuß‘ que, em fins de 1951/1952 já tinha aparecido em um processo contra mim e apesar de todos os dados que existiam, não foram arrolados naquela época! Não é estranho que, justamente em 22 de novembro de 1953, época em que ficaram sabendo que a União Gröning foi aberta em Murnau, as providências para uma retomada do processo contra mim foram iniciadas? Pois desde janeiro de 1953 vários coordenadores de comunidades e amigos, assim como associados da União, foram interrogados pela polícia e estão sendo observados."
Testemunhas de defesa não são aceitas, testemunhas de acusação são bem vindas
Dos preparativos para o processo se estenderam por muito mais de dois anos. A defesa de Bruno Gröning foi tremendamente dificultada. Quase todas as testemunhas de defesa foram recusadas. As testemunhas de acusação, no entanto, foram todas aprovadas. Entre eles se encontravam dois ex-colaboradores de Gröning: Eugen Enderlin e Otto Meckelburg. Principalmente Meckelburg que, no primeiro processo ainda era um coacusado – se dirigiu de forma acentuada e forte contra Gröning. Ele fez de tudo para prejudicá-lo. Na acusação da morte por desleixo, ele teve um papel decisivo. Tratava-se de um caso que havia acontecido durante sua atuação como "Manager".
O caso manipulado de Ruth Kuhfuß
Em novembro de 1949, o funcionário da caixa econômica, Emil Kuhfuß, assistiu a uma palestra com sua filha, Ruth Kuhfuß, de 17 anos, que sofria de tuberculose nos dois pulmões. Gröning reconheceu imediatamente que não era mais possível ajudar a moça e mencionou isso a um médico presente. Mekelburg, porém, insistia veementemente e exigiu que ele cuidasse do caso. Assim, depois da palestra, houve um encontro entre Bruno Gröning e Ruth Kuhfuß. Gröning conversou com a doente, incentivando que tivesse coragem e pediu ao pai que fosse procurar novamente um médico especializado depois de nove dias. Com isso pretendia que a moça, que não queria mais saber de médicos, fosse colocada novamente sob cuidados médicos. O pai prometeu cuidar disso.
A correspondência que se seguiu em seguida foi feita por Meckelburg e Bruno Gröning não ficou sabendo de nada. Somente em maio de 1950, ele ouviu outra vez algo sobre Ruth Kuhfuß. O pai, nesse meio tempo, tinha enviado cartas a Gröning, implorando sua visita. Meckelburg não passou as cartas mas, sem Gröning saber, combinou um encontro com o Sr. Kuhfuß. Somente pouco antes da data prevista, Meckelburg informou o Sr. Gröning e o obrigou a ir com ele.
Mais tarde, Meckelburg afirmou que Bruno Gröning havia prometido cura à moça, mas na verdade foi ele mesmo que prometeu ao pai que iria fazer com que Gröning curasse sua filha. Meckelburg via no funcionário da caixa econômica uma boa fonte de dinheiro que ele pretendia aproveitar, mas para tanto necessitava de Gröning. Pouco depois dessa visita, Gröning se separou de Meckelburg.
Uma forte censura foi levantada contra Gröning porque ele teria proibido o tratamento médico de Ruth Kuhfuß. Opunha-se a isso, porém, o fato de que ele mesmo, durante o primeiro encontro com ela, mandou que procurasse um médico – o que testemunhas confirmaram. Em um programa de rádio na primavera de 1949, ele também incentivou pessoas: "A se submeterem sempre a uma consulta médica de confirmação." Ele sempre recomendava às pessoas que confiassem em seus médicos.
Ruth Kuhfuß, que já havia passado por algumas tentativas de cura sem sucesso, se negava a se entregar novamente a tratamentos médicos. No dia 30 de dezembro ela faleceu em consequência da doença.
Pareceres médicos confirmam a falta de esperança de cura
O Dr. Otto Freihofer deu um parecer médico no caso da Ruth Kuhfuß: "do ponto de vista médico, observando friamente, qualquer leigo saberia, como foi declarado pelo departamento de saúde pública de Säckingen, que a cura estava fora de cogitação devido à gravidade do caso que, conforme parecer médico, fora declarado como ‘de perigo de vida’, isto é, já existia o perigo eminente e, de acordo com o cálculo que se podia fazer, o estado da paciente era sem esperança. Da mesma forma, cada médico pensante ‘sine ira et studio’ que não tivesse grande autoconfiança e a crença no poder dos medicamentos mais novos, acreditar poder prescindir das forças naturais e concordar com o parecer do Dr. Professor Lydtin de Munique, de acordo com o qual não se pode dizer que antes do dia 5 de novembro de 1949 ainda existiria uma grande chance de cura. Em minha opinião, é impressionante que a paciente ainda tenha conseguido viver até 30 de dezembro de 1950, de forma que a influência de Gröning pode ainda lhe ter dado certo ânimo de vida. Resumindo, concluindo meu parecer, a alegação de que ainda existiria uma chance de cura e que o tempo de vida da paciente Ruth Kuhfuß poderia ter sido prolongado se o Sr. Gröning nunca tivesse chegado perto dela, sequer se pode prever com certeza e por isso não é correta."
Sentença jurídica frustrada
No final de julho de 1957,começaram os debates no tribunal de Munique. No caso da morte por desleixo, Bruno Gröning foi inocentado. Devido à infração a Lei dos Terapeutas, porém, recebeu uma multa no valor de 2000,- marcos.
Apesar da sentença na primeira instância parecer positiva, para ele era inaceitável, pois era a proibição definitiva de sua atuação. Devido a um erro de seu advogado, que considerava o parecer muito mais positivo do que Gröning, ele não entrou com a revisão, mas o ministério público sim. O segundo debate se realizou em meados de janeiro de 1958, mais uma vez em Munique.
A União Gröning
Esperança de poder agir livremente através da instituição
Apesar da proibição de curar visando poder alcançar maior número de
pessoas, Bruno Gröning já havia aberto
comunidades no começo dos anos
cinquenta, onde ele só dava palestras e se
esforçava ao máximo para passar seus
conhecimentos aos que procuravam ajuda.
Proteção por lei e uma diretoria renomada
No dia 22 de novembro de 1953, ele fundou a organização mantenedora União Gröning em Murnau/Seehausen. A União deveria ser registrada no registro das associações e proteger a atuação Bruno Gröning nos termos da lei. Desta forma, outros conflitos com a Lei dos Terapeutas seriam superados definitivamente.
A diretoria da União Gröning era formada, entre outros, pelo Conde Zeppelin, Conde Matuschka, Anny, condessa Ebner von Eschenbach, engenheiro de construção superior, Sr. Hermann Riedinger e pelo diretor Konstantin Weisser, no começo também participava um dos cofundadores, Rudolf Bachmann, o qual, porém, logo se separou da União. Bruno Gröning foi nomeado presidente vitalício.
O interesse do secretário geral nos ganhos era maior do que o bem estar dos doentes
Egon Arthur Schmidt, jornalista e professor, foi nomeado secretário da União. Em Herford, ele já havia trabalhado estreitamente com o "médico milagroso" e tinha fundado o Circulo dos Amigos de Bruno Gröning que não atingiu os objetivos de Bruno Gröning e após pouco tempo foi dissolvido. Bruno Gröning se separou do Sr. Schmidt na época pelo desfalque de dinheiro das doações.
Em 1952, Schmidt procurou Gröning novamente, disse que havia reconhecido seu erro e pediu para ajudar na construção da obra. Bruno Gröning o aceitou como colaborador mais uma vez e assim Schmidt teve oportunidade para mostrar se seu coração estava realmente interessado no bem dos doentes ou somente preocupado com os próprios benefícios financeiros.
Em 1955, Bruno Gröning se separou definitivamente de Schmidt, pois ele não tinha mudado sua forma de pensar, como sempre tentou tirar proveito das capacidades de Gröning. Depois da separação, Schmidt entrou com um processo contra Gröning querendo receber posteriormente dinheiro por seu trabalho voluntário.
Quem trabalha para quem e para que? – A União para a atuação de Gröning ou a atuação de Gröning para a União?
A diretoria da União recebeu Konstantin Weisser e Hermann Riedinger em seu meio, o que parecia muito promissor, pois eram cosmopolitas e sua formação poderia ser vantajosa para a obra de Bruno Gröning. Porém também existia o perigo de que eles agissem de forma petulante e contra os desejos do trabalhador simples por ele não ter o mesmo grau de instrução.
Com o tempo, a coisa realmente começou a andar nesse sentido , para os dois ficava cada vez mais difícil aceitar qualquer coisa que Bruno Gröning dizia. Eles pareciam se esquecer totalmente de que a União não só tinha o nome de Gröning e também existia por causa dele. Para eles, a União Gröning começou a servir cada vez mais ao seu propósito. A real razão de ser da União, ajudar aos que sofriam, foi completamente perdida de vista. Parecia que eles não queriam aceitar que o importante era Gröning, através do qual as curas aconteciam, e não a União.
Dessa forma, a União Gröning foi se desenvolvendo cada vez mais, ao contrário do que deveria ser. Para o homem cujo nome ela carregava, a União se tornou uma prisão que, ao invés de deixá-lo livre, o encurralava cada vez mais.
O processo jurídico sobre a proibição de curar (1951-1952)
A atuação de Gröning é uma prática de curar no sentido médico?
Instauração de processo devido à prática não permitida pela medicina
1Em 1951/1952, Bruno Gröning esteve pela primeira vez diante do júri devido à prática de cura não autorizada pela medicina, mesmo tendo o Ministério do Interior da Bavária, em 1949, denominado sua atuação como um ato de amor, então ele foi julgado pela prática de cura no sentido médico.
A instauração do processo se apoiava na Lei dos Terapeutas de 1939, que substituía a liberdade de curar, que até então estava em vigor, colocando a prática da medicina nas mãos dos médicos socialistas.
O sim e o não da infração contra a Lei dos Terapeutas
Bruno Gröning foi absolvido tanto na primeira como na segunda instância. O juiz da comarca de Munique declarou em seu veredicto, em março de 1952:
"O júri considera injusto condenar o réu com base em um parecer unilateral, pois é duvidoso se a atividade de Gröning está sujeita à Lei dos Terapeutas, por cair em uma área que hoje ainda foi pouco pesquisada."
A absolvição foi confirmada na apelação, porém a atuação de Bruno Gröning foi nitidamente nomeada como uma atividade de cura no sentido da Lei dos Terapeutas:
"O réu praticou, sem autorização e sem ter formação de médico, uma atividade para verificação, cura ou alívio de doenças, sofrimentos ou lesões corporais em pessoas, que deve ser considerada como medicina no sentido da Lei dos Terapeutas HPG. [...]"
Erro que exclui culpa, sinônimo de proibição de curar
Continuação da sentença: "O réu não pode ser condenado por se tratar de um erro que exclui culpa, com vista no argumento apresentado da atividade de curar, e desta forma não agiu premeditadamente."
O erro que exclui culpa em que Bruno Gröning hipoteticamente se encontrava, esclarecido pelo júri, veio com a proibição jurídica de curar, apesar de inocentado. A partir daquele dia, Bruno Gröning deveria estar ciente de que sua atividade de curar estava dentro da prática da Lei dos Terapeutas e com isso proibida. A verdadeira conotação de sua atuação, segundo a qual sua forma de atuar não tem nada a ver com a prática de cura no sentido da medicina, não foi reconhecida.
Impostor permitido
Bruno Gröning dá a todas as pessoas a chance de se redimir
Obrigado a fazer pagamentos – colaboradores mostram sua verdadeira cara
Continuamente chegavam pessoas a Bruno Gröning com a desculpa de querer ajudar, muitos porém só estavam interessados em fazer negócio com sua capacidade. Parecia que ele inexoravalmente atraía pessoas assim. Quando não alcançavam seus objetivos ou Bruno Gröning se separava deles, muitas vezes tentavam extorquir dinheiro através de processos jurídicos morosos.
Da mesma forma a Sra. Hülsmann que, junto com seu marido, em 1949, ofereceu a Bruno Gröning, por gratidão pela cura de seu filho, que fosse morar com eles em Herford. Depois que perceberam que não podiam lucrar com Gröning, entrou com uma reclamação junto ao ministério do trabalho, cobrando dele honorários pelo tempo trabalhado com ele, o que outrora lhe havia oferecido gratuitamente. Bruno Gröning teve que pagar a ela uma prestação mensal até o fim de sua vida. Esse não foi o caso único. Desta maneira ou de forma parecida, muitos dos seus colaboradores acabavam mostrando sua verdadeira cara.
"Pessoas assim também devem existir para mostrar como o homem é"
Porque Bruno Gröning permitia a esses supostos ajudantes chegarem tão perto? Porque simplesmente não afastava esses negociadores? Em uma palestra em 31 de agosto de 1950, em Munique, ele falou sobre essa pergunta: "O que pessoas até hoje não deixaram de fazer foi ganhar dinheiro com este pequeno homem e seus conhecimentos e poderes. Eles acreditavam terem descoberto uma mina de ouro. Em parte, eles tiveram oportunidade para ganhar dinheiro, porém não tiveram proveito, graças a Deus. Também é necessário que exista esse tipo de pessoas para mostrar como são os homens, que existem pessoas que passam por cima de defuntos e não perguntam se o doente receberá ajuda ou não. Existem pessoas que conseguem passar por cima de defuntos e não se importam se o doente está ali deitado. Essas pessoas nunca se importaram com isso, mas fizeram de tudo para estar a meu lado. Eu sei que aqui e acolá já houve a pergunta: "Se esse homem sabe tanto, porque não sabia disso, talvez ele nem saiba tanto. Se e até que ponto eu sei sobre as coisas, vocês irão saber pouco a pouco, mas tinha que ser assim. Esse material era o que faltava para a construção da obra, para livrar o caminho para todos vocês."
"...então cada um saberá quem eles são"
Grete Häusler (1922-2007), que foi curada, foi por muitos anos colaboradora de Bruno Gröning e fundadora do “Círculo de Amigos de Bruno Gröning”, descreve em seu livro: Eis a verdade sobre e em torno de Bruno Gröning o seguinte acontecimento: "Certa vez, quando estava me despedindo, desejando tudo de bom, eu disse: "Sr. Gröning, desejo que agora tenha paz para atuar e não seja atacado por nenhum colaborador falso." Ele respondeu, para meu espanto: "Totalmente errado, tem que ser assim!" Na época não entendi, mas ele me explicou porque tinha que permitir e fazer tudo aquilo, e me confidenciou um grande segredo: "Eu sei muito bem o que cada ser humano carrega dentro de si porém, se eu dissesse às pessoas esse é um mentiroso, um impostor, um ladrão, ninguém iria acreditar em mim. O que tenho que fazer? Tenho que atraí-los, ensinar-lhes o bem, fazer com que se convertam e epois lhes dar a oportunidade de mentir, ludibriar e roubar. Se mesmo assim eles o fizerem, todos saberão quem são, então deixo que eles se acheguem a mim totalmente e não sou covarde, eu luto."
Novos caminhos e desvios
Comerciantes em volta de Gröning
Um autodenominado representante de Gröning com condições exclusivas
Por gratidão pela cura de sua esposa, o comerciante Otto Meckelburg, de Wangerooge, pretendia ajudar Bruno Gröning e lhe apresentou planos concretos para a construção de centros de cura. Bruno Gröning aceitou a proposta e o Sr. Meckelburg se tornou seu "manager".
No fim de dezembro, os dois foram até Wangerooge, onde Bruno Gröning deu palestras em eventos organizados por Meckelburg e aconteceram várias curas. Ele confiou totalmente nesse homem. Em um documento assinado em 8 de janeiro de 1950, em Wangerooge, ele colocou o futuro de sua atuação nas mãos de Meckelburg:
"O Sr. Gröning declara que concorda com os planos do Sr. Meckelburg, se compromete a colocar todos seus esforços na realização dessa intenção e, durante a fundação dessa sociedade e também futuramente, a dar ao Sr. Meckelburg todo e qualquer apoio e fazer tudo que esteja em suas forças para que a obra tenha êxito. Bruno Gröning não só assume essa responsabilidade perante o Sr. Melckelburg, mas também perante a sociedade a ser criada com essa finalidade. Além disso, Bruno Gröning assume a responsabilidade de não dar apoio a nenhuma outra pessoa ou círculo de pessoas. Ele atuará somente em conotação com essa sociedade e com a concordância do Sr. Meckelburg."
Em janeiro, Meckelburg inscreveu a Sociedade para pesquisa dos métodos de cura de Gröning. Ele mesmo se nomeou diretor, recebendo um salário de 1.000,00 marcos. Bruno Gröning não recebia remuneração alguma. Logo se mostrou que Meckelburg não manteve sua palavra. Ele via em Bruno Gröning somente seu "melhor cavalo no estábulo", como se expressou. Não se importava com os doentes. Ele havia amarrado Gröning com o contrato assinado e o "curador milagroso" tinha que fazer tudo que ele queria.
Somente em junho de 1950 Gröning conseguiu se separar e, em consequência, Meckelburg jurou vingança: "Ainda conseguirei domar o Gröning e quebrarei todas suas costelas."
Um terapeuta com uma oferta de palestras
Em seguida Gröning trabalhou por alguns meses com o terapeuta Eugen Enderlin, de Munique, que tinha sido curado no Traberhof e ofereceu um espaço em seu consultório para Bruno Gröning dar palestras. Porém também Enderlin se revelou um negociante. O desejo não era ajudar as pessoas, mas ganhar dinheiro com o "fenômeno Gröning". Por volta do fim do ano, Gröning se separou dele. Uma segunda oportunidade em 1952/53 falhou pelo mesmo motivo.
Um curador de carreira
No tempo que se seguiu, Gröning dava palestras na pousada Weikersheim, em Gräfelfing. O jornalista, Dr. Kurt Trampler, o abrigou em sua casa e organizava os encontros. Ele conhecia Gröning desde o outono de 1949, quando foi ao Traberhof a pedido de um jornal de Munique, como repórter, e onde recebeu, inesperadamente, a cura de um mal na perna. Em agradecimento, ele escreveu o livro: O Grande Retorno e, diante das autoridades, se empenhava a favor de Gröning. Como na época com Enderlin, as palestras em Gräfelfing tinham boa afluência, porém a ligação um dia também se desfez, pois ele acreditava ter aprendido o suficiente com Gröning, se separou dele e se instalou como curador independente.
O Traberhof - Chegada da multidão em Rosenheim
Em setembro de 1949, até 30.000 pessoas procurando ajuda se reuniam diante de Gröning diariamente
Finalizados os testes em Heidelberg, em agosto de 1949, Bruno Gröning foi para o Sul da Alemanha. Ele queria sair do tumulto em torno do seu nome e de sua pessoa e se dirigiu para uma propriedade particular em Rosenheim, próximo a Munique. A princípio, foi possível manter sua estadia em segredo. Todavia, uma vez que apareceu a primeira reportagem de jornal sobre sua chegada à Bavária, a multidão começou a chegar.
Até 30.000 pessoas por dia afluíam ao "Traberhof", em Rosenheim. Jornais, rádios e programas de notícias semanais divulgavam os eventos. Até um filme com o titulo "Gröning" foi produzido para o cinema, documentando os eventos ao seu redor.
Cenas biblicas
Na segunda semana se setembro, o jornal Zeitungsblitz noticiou, em uma edição especial: "Nesse meio tempo, mais de 10.000 pessoas se agrupavam, aguardando durante horas, em um calor sufocante, até o grande momento em que Gröning apareceria no balcão, falaria à massa e irradiaria sua energia curadora. A multidão permanecia, espremida, lado a lado, para poder receber o total benefício dos "Raios de Cura" que já começavam a se manifestar sobre os doentes mais sérios, em suas cadeiras de rodas e assentos, ou naqueles parados em pé, sozinhos, na periferia do local. Mais uma vez, pessoas semi-cegas voltaram a enxergar, mais uma vez deficientes se levantaram, mais uma vez paralíticos começaram a mexer seus membros endurecidos. Centenas relataram uma dor crescente no local da doença, um puxão, uma sensação de corte ou uma fisgada, uma sensação indescritível de "leveza do ser" ou dores de cabeça que repentinamente desapareceram."
Não somente no "Traberhof" aconteceram cenas bíblicas. Em todos os lugares em que Gröning aparecia, era imediatamente rodeado por incontável número de pessoas doentes. Anita Höhne descreveu a situação ao redor de Gröning em seu livro intitulado Curadores Espirituais de Hoje: "Mal Gröning anunciava sua iminente vinda, as peregrinações começavam. O jornalista Rudolf Spitz observou cenas típicas na visita de Gröning a Munique, em setembro de 1949:
"Às 19:00, milhares estavam parados em pé na rua Sonnenstrasse. Às 22:30, eles ainda estavam lá. Em cinco anos de guerra presenciei muitas situações, mas nunca fiquei tão abalado como naquelas quatro horas que passei sentado defronte a Bruno Gröning e presenciei um desfile macabro de miséria e sofrimento. Epilépticos, pessoas cegas e aleijados de muletas, espremidas a seu redor. Mães estendiam suas crianças aleijadas para ele. Havia pessoas inconscientes, choros ecoavam, desesperados choros por ajuda, súplicas, desejos, suspiros profundos."
Órgãos estaduais reconhecem e se tornam bem intencionados
Anita Höhne segue citando o jornalista Rudolf Spitz: "Eram doentes em macas, aleijados, uma gigantesca massa de pessoas, observou outro jornalista de Munique, Dr. Kurt Trampler, que veio como repórter do semanário de Münchner Allgemeine - um jornalista frio que somente escrevia o que ele mesmo via e ouvia: Então ouvimos do balcão uma voz, que não era a de Gröning, e corremos até a janela. O presidente da Força Policial de Munique, Sr. Pitzer, falava aos presentes. Ele declarava que o problema de ciática que o atormentou por anos tinha melhorado com a presença de Gröning. O Sr. Pitzer definitivamente não é o tipo de pessoa de imaginação hipersensível, mas deu testemunho do que aconteceu com ele. Ali estava ele dando aberto reconhecimento a Gröning e o Parlamentar da CSU, Sr. Hagen, seguiu com uma declaração similar."
As autoridades da Bavária também tinham atitudes positivas em relação a Bruno Gröning. O jornal Münchner Merkur reportou um artigo, em 7 de setembro de 1949, sob o título "A benevolência perante Gröning": O Ministro Presidente Dr. Ehard, em uma entrevista coletiva de impressa na segunda-feira, declarou que a atuação de uma "personalidade excepcional" como Bruno Gröning não deveria naufragar devido à parágrafos. Na sua opinião, não há nenhum obstáculo sério para garantir a Gröning a permissão para atuar na Bavária.
O Ministério do Interior da Baviera, ao final da redação, informou: "O exame inicial das atividades curadoras de Bruno Gröning nos levou à conclusão de que elas podem ser observadas como um ato livre de amor e não requerem nenhuma permissão baseada na Lei dos Terapeutas."
Tentaram prejudicá-lo até na documentação médica das curas
No "Traberhof", uma grande atividade de negócios ocorreu ao redor de Gröning. Havia muitas pessoas de negócios que queriam lucrar com suas habilidades. Eles prejudicaram sua reputação e prestígio, o que resultou no distanciamento das autoridades. Assim que as circunstâncias se tornaram insustentáveis, Gröning se retirou para as montanhas da Bavária. Ele queria checar algumas das ofertas para construir centros de cura. Seu objetivo era criar instituições onde os necessitados pudessem ser curados de maneira organizada. Os médicos realizariam exames antes e depois, segundo o procedimento empregado em Heidelberg que documentaria as curas ocorridas.
Evolução e situações de destaque em sua vida
Preparação para sua atuação futura
Anos de aprendizagem forçados e interrompidos
Após o término do período do primário até a quinta série, Bruno Gröning começou um curso de comerciante que teve que interromper após dois anos e meio, devido à pressão de seu pai. O mestre de obras queria que seu filho também aprendesse um ofício da construção. Ele mandou que fosse fazer um aprendizado para marceneiro, que também não foi possível concluir devido a turbulenta situação pósguerra. Um quarto de ano antes da conclusão de seu aprendizado, a firma em que ele aprendia teve que fechar as portas por falta de encomendas. Em seguida, ele viveu das mais diversas atividades. Egon Arthur Schmidt escreve sobre esse período:
"Ele tinha êxito em todo trabalho que realizava"
Sobre isso vários colegas de trabalho me relataram que uma característica especial era que ele se saía bem em todo trabalho que se propunha a fazer, consertando relógios, rádios, ou trabalhando como serralheiro. O que mais gostava era da parte técnica, mas nunca se negou a realizar trabalhos muito pesados. No trabalho no porto, ele puxava as cordas da mesma forma que todos seus colegas e não se vangloriava disso, pois fazia parte do caminho que o levava às profundezas para depois alcançar as alturas. Um antigo provérbio chinês diz: "Quem nunca passou pelo pântano não pode se tornar um santo." Existem testemunhos suficientes de excolegas, dos quais um há pouco chegou a meu conhecimento: ele declara com palavras simples e sinceras que, tendo trabalhado por um ano com Bruno Gröning, se lembra dele como o melhor e o mais honesto colega.
Casamento e reveses do destino
Ele se casou com vinte e um anos, porém sua esposa não o compreendia. Ela queria obrigá-lo a uma vida restrita de família burguesa e desdenhava das curas como sendo "um capricho". Os filhos, nascidos em 1931 e 1939, Harald e Günter, morreram, ambos com nove anos de idade. Apesar de inúmeras pessoas terem recebido cura através de Bruno Gröning, Gertrud Gröning não acreditava no poder da força curadora de seu marido. Ela confiou as crianças, não a ele, mas aos médicos, porém a medicina não pôde ajudá-los. Os dois meninos morreram no hospital, Harald em 1940, em Danzig e Günter em 1949, em Dillenburg. Para Bruno Gröning foram duros reveses do destino. Mesmo muitos anos mais tarde, lhe vinham lágrimas quando falava de seus filhos.
O tempo entre as guerras mundiais foram uma preparação para sua futura atuação. Ele teve passar por algumas experiências amargas para compreender as pessoas em todas as situações da vida e sentir seus sofrimentos.
Ajudar em vez de atirar – No front e na prisão de guerra
Em 1943, na segunda guerra mundial, foi convocado a se alistar no exército e se desentendeu com seus superiores. Por se negar a atirar em pessoas, o ameaçaram com a Corte Marcial, mas mesmo assim teve que permanecer no front. Ele foi ferido, preso pelos russos e, no final de 1945, foi para a Alemanha Ocidental como refugiado.
A atitude de Bruno Gröning na época da guerra esteve cunhada pelo desejo de ajudar. Mesmo no fronte, aproveitava toda oportunidade e se esforçava por seus camaradas e pela população.
Em uma aldeia russa, possibilitou o acesso ao estoque de alimentos do exército aos que estavam morrendo de fome. Na prisão, brigava por melhores condições para seus camaradas, melhores roupas, alimentação melhor e melhor abrigo. Ele ajudou na cura de inúmeros colegas que sofriam de edemas ocasionados pela fome. Nos horrores da guerra ele não matou ninguém, mas ajudou inúmeras pessoas.
Separação conjugal e total dedicação a todos os homens
Em dezembro de 1945, foi libertado da prisão, reconstruiu sua vida em Dillenburg e buscou sua família, porém se separou de sua esposa depois que seu segundo filho faleceu e ela queria proibir toda e qualquer atividade de assistência. Ele sentia a obrigação de fazer com que as forças curadoras que possuía chegassem a todas as pessoas. Ele disse: "Não pertenço a algumas pessoas, pertenço a toda a humanidade."
No começo de 1949, seu caminho o levou a região do Ruhr. Através dos relatos de alguns curados, cada vez mais pessoas se interessaram por Bruno Gröning. Ele ia de casa em casa, sempre onde era necessário, onde doentes pediam ajuda. Desta forma, ele agiu num círculo pequeno até que, em março de 1949, aceitou o convite de um engenheiro de Herford para visitar seu filho.
Infância e Juventude
Surrado, escarneado, incompreendido, aceito – uma criança diferente das outras
Fuga de um ambiente sem coração para a natureza: "Aqui vivencio Deus"
Bruno Gröning nasceu em 30 de maio de 1906, em Danzig-Oliva, como quarto filho dos sete do casal August e Margarethe Gröning. Seus pais logo perceberam o jeito extraordinário do filho, por exemplo, os animais, normalmente medrosos, vinham espontaneamente a seu encontro, coelhos e renas permitiam que ele os acariciasse sem medo.
Quanto mais Bruno Gröning crescia, tanto mais sentia estranho o mundo à sua volta. Gröning contava que às vezes o surravam tanto em casa que chegava a ficar verde e roxo. As pancadas, ele dizia, não doíam, mas ele se sentia incompreendido.
Com repugnância pela falta de amor do mundo à sua volta, o pequeno Bruno fugia para a natureza. Ele se sentia mais atraído pelos animais, árvores e arbustos do que pelos homens. Muitas vezes desaparecia por horas na floresta próxima a sua casa.
"Aqui vivencio Deus, em cada arbusto, em cada árvore, em cada animal, até nas pedras. Em toda parte podia ficar horas – na verdade não existia sensação de tempo – ficava em pé e meditava, e sempre me parecia que toda minha vida interior se expandia até o infinito."
Quando os meninos de sua idade brigavam com selvageria, ele nunca participava. Desta forma, muitas vezes se tornou objeto de escárnio e era surrado e castigado por ser diferente.
Curas benquistas em pessoas e animais
Com o tempo se reconhecia o aspecto na natureza de Bruno Gröning que mais tarde o levaria aos holofotes da publicidade: pessoas e animais se curavam em sua presença. Principalmente durante a primeira guerra mundial, muitas vezes ele visitava os hospitais militares onde era benquisto. Em sua presença os feridos se sentiam bem e muitos se curaram. Havia também doentes que pediam para sua mãe visitá-los e trazer o pequeno Bruno. Na família e entre seus conhecidos, a capacidade de curar era aceita com prazer.
Procurando se tornar independente
Em seu currículo, Bruno Gröning escreve: "Desde bebê, em minha presença, pessoas ficaram livres de seus distúrbios e, após poucas palavras, crianças e adultos se acalmavam de irritações. Também pude constatar que, ainda criança, animais normalmente medrosos ou até raivosos, na minha presença se tornavam dóceis e mansos. Por isso, minha relação na casa dos meus pais era complicada e tensa. Logo procurei total independência para sair do ambiente de mal entendidos de minha família."